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EXPOSIÇÕES 

PINTURA CUSQUENHA

A pintura colonial cusquenha, certamente a mais importante escola da América colonial espanhola, se caracteriza pela originalidade e grande valor artístico.

É chamada “cusquenha” não apenas por ter como polo principal a cidade imperial de Cuzco. Mas, principalmente, por ser toda ela produto de artistas locais e afastada da influência das então predominantes correntes da arte europeia.

A originalidade da arte cusquenha está no amálgama de seus elementos formadores: a tradição barroca de pintura, trazida pelos colonizadores espanhóis, e a contribuição dos indígenas peruanos.

Os temas religiosos – a Virgem Maria, o nascimento de Cristo, a Epifania, a Sagrada Família, os sacramentos – estão sempre presentes na arte cusquenha. Revelam mistura do catolicismo (dentro da estratégia espanhola de impor aos povos conquistados a história bíblica) com os elementos da cultura peruana.

Os indígenas peruanos utilizavam as modernas técnicas europeias de pintura, mas introduziram nas pinturas motivos e elementos pictóricos da sua cultura. Assim, em praticamente todas as pinturas são observados santos e anjos de semblantes rígidos, dominados pelas cores alegres características da arte da região.

A ARTE COLONIAL

ANDINA

AYAO OKAMOTO

DESDOBRAS

Ayao Okamoto é artista visual e professor.

É graduado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Mestre e doutor em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA-USP.

Participou de várias exposições nacionais e internacionais, coletivas e individuais, em museus e galerias de grande relevância (como Plaza Gallery em Tóquio, Galeria Jorge Amado em Paris, MASP em São Paulo, entre outros).

MÍDIA 

PINA BASTOS 

Caminhos velozes traçam linhas paralelas por toda parte. Pessoas se olham sabendo que nunca mais vão se ver. Pessoas se deixam para nunca mais. Pessoas que faziam parte da sua vida hoje correm em outros caminhos. Vão se encontrar com você no infinito? Talvez em outra dimensão? As linhas transversais trazem outras pessoas, outras situações, outras formas. Aquelas se foram. Essas outras reorganizam o seu mundo. Você precisa reaprender o básico. As formas que compõem a sua natureza: ar, fogo, água e terra, triângulos, círculos e quadrados. Ou, em três dimensões: pirâmides, esferas e cubos, respiração, instinto, sentimento e razão. Agora sim, em meio ao caos, você consegue se situar.

Nada foi intencional. Nem totalmente consciente. As linhas se distanciam e os destinos também. O amor acabou? Não. Apenas mudou. E você ficou ali, se reorganizando, ar, fogo, água, terra. Tentando entender as grandes questões: as decisões apressadas, as injustiças, a falta de lógica e a política desvairada. Você precisa da sobriedade, do essencial, das criações humanas básicas, da matemática e da geometria. Do espaço e do tempo. Da ciência e da arte.

E assim, aquelas linhas soltas vão se agrupando, paralelas e transversais se organizam em figuras simples que pertencem a todos, que todos entendem porque foram criadas há muito tempo para organizar a vida e o mundo.

AS PARALELAS

SE ENCONTRAM

NO INFINITO

MÍDIA 

CRIPTA DJAN

Cripta Djan não é um simples nome artístico. Djan é de batismo, Cripta é o codinome de um grupo. Cripta também é uma marca, um logotipo, um sobrenome que todos os integrantes desse coletivo usam, uma espécie de alcunha que é pretensa e sustentada nas ruas de São Paulo e em espaços de socialização determinados, que rege regras próprias de conduta, à margem da sociedade comum. Djan usa Cripta como nome, pois não é possível dissociá-lo do movimento social paulistano conhecido como Pixação. A atuação nas ruas a partir de preceitos originados há mais de trinta anos, sustentados e aperfeiçoados até hoje, foi a verdadeira escola de Djan. Na falta de uma estrutura social inclusiva e devido à ausência de capital econômico e cultural para superar a sua condição de classe, Djan optou há vinte anos  por aderir a uma organização social delinquente como forma de reduzir a violência simbólica sofrida durante sua infância e início da adolescência.

Djan, com personalidade incomum, detentor de um grande conhecimento prático e teórico sobre a pixação e líder dos grupos nos quais atuou, é, atualmente, o principal responsável pelo processo de legitimação dessa cultura que se situa entre o fenômeno social e estético. O avanço de Djan em lugares até então nunca explorados por pixadores o promoveu ao papel de interlocutor-mediador entre o universo dos pixadores e a sociedade como um todo. Esse processo nem sempre foi pacífico, pois trata-se de adentrar em espaços sociais da cultura dominante, que lhe foram negados desde a infância tanto pelo Estado como pela sociedade.

A história de Djan revela como um jovem transgressor, advindo da periferia, se envolve com a discussão da arte contemporânea sem perder os laços com sua base social. Djan é reconhecido em várias instâncias como pixador e artista, o que torna a sua vivência permeada por tensões, dificultando o seu trânsito no campo da arte. Não fosse o seu contato  com o marchand João C, talvez Djan tivesse apenas explorado as bordas desse campo. Mas, mediante a assessoria de João, em interlocução com o mercado da arte, Djan teve a oportunidade de explorar o habitus absorvido no campo da pixação por meio de aparatos artísticos tradicionais.

A qualidade da obra de Djan, produzida em estúdio, está justamente no contraponto entre as palavras Cripta e Djan: o social e o singular, o habitus e a psique. Djan assume como linguagem um código que o distingue socialmente. Ao usar a letra reta e monocromática da pixação como inspiração, é possível notar as fronteiras entre o desenho e a escrita, a forma e a contraforma, o legível e o ilegível, o certo e o errado.  A natureza de suas composições com base em um estilo tipográfico vernacular, legitimamente brasileiro e contraventor, nos permite questionar os limites da apreciação estética, algo sempre em construção no campo da arte.

Gustavo Lassala

Professor, pesquisador e autor do livro “Em Nome do Pixo’’

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